terça-feira, 22 de dezembro de 2015

O que aprendi com o mar


Já fazia um bom tempo desde o meu último encontro com o mar. Na época, há uns 4 anos atrás, eu era apenas um adolescente cheio de planos incríveis e esperanças pro futuro. Com 16 anos, tudo o que eu aprendi com o mar é que ele é perigoso, e que se eu não sei como lidar com ele, o mais sensato a se fazer é ficar na parte mais rasa, sempre tomando muito cuidado. Hoje, com 20 anos, muita coisa aconteceu na minha vida. Muita coisa mudou, inclusive a minha forma de perceber as situações do meu dia a dia. A maturidade faz isso com a gente.
Estive no Rio de Janeiro por uma semana, e pude rever a imensidão azul. Dessa vez resolvi me aventurar um pouco mais, ir um pouco mais fundo e percebi algo que eu apenas havia ouvido falar: o mar tem um tempo, um ritmo. Se alguém resolve se aventurar, mesmo que ainda perto da praia, tem que entender e seguir esse ritmo. Caso contrário, as ondas vão embrulhar o corpo do indivíduo em suas águas. Uma. Duas. Três vezes... até que a pessoa entenda o ritmo das ondas e vença o mar, ou continue sendo engolido até que morra afogado. Parece exagero, mas pra um goiano que vê o mar de vez em quando é a pura verdade.
Dentro da água, eu podia ver as ondas vindo em minha direção. Uma atrás da outra. E elas sempre me davam tempo de decidir o que eu queria fazer: passar por dentro dela indo mais adiante; pular a onda e permanecer no mesmo lugar; ou me voltar pra praia e nadar junto com a onda. Esse processo envolve percepção do que é o melhor a se fazer e os fatores velocidade, tamanho, e força da onda influenciam na hora da escolha. Mas o que isso tem a ver com a vida?
Há algum tempo tenho experimentado muitas transformações. Algumas mudanças que eu mesmo provoquei, e outras que eu deixei que acontecessem. Vamos chamar essas transformações de "Ondas". Toda mudança tem sua importância. Quando se trata de um ser humano que cresce, evolui, sente, se inspira, e se expressa, as mudanças são completamente inevitáveis. Às vezes a mudança ocorre por vontade própria. Usa-se outro penteado, outro tipo de roupa, alguns fazem tatuagens, piercings... a mudança é perceptível em seu corpo. Outras vezes simplesmente olha-se pra si mesmo e percebe-se o quantas mudanças aconteceram rápido. Transformações menos aparentes, inerentes ao ser, que não são frutos de uma simples escolha, de um momento pontual, mas de uma série de decisões, de uma centena de experiências que moldam a visão que se tem do próprio ser, e do mundo ao redor.
Quem se transforma e evolui, em algum momento percebe o quanto está falando diferente, e agindo diferente. Deixa-se de gostar de coisas que antes eram essenciais, e que hoje não são mais. Também passa-se a valorizar encontros, pessoas, e criam-se prioridades. Não adianta dizer que não. As mudanças acontecem sim, e com todas as pessoas. E elas aconteceram comigo. Eu mudei, mudei meus pensamentos sobre pessoas, sobre a vida, sobre minhas responsabilidades, meus sonhos e esperanças de adolescente.
Sempre sabemos quando tem uma onda vindo. De alguma forma percebemos quando algo vai mudar. E mesmo que tenhamos pouco tempo, as ondas sempre nos dão oportunidades de pensar o que é melhor a se fazer: pular a onda e permanecer no mesmo lugar; passar por dentro, nadando adiante; ou estar pronto pra nadar junto com ela até a praia. No meu caso, eu sei que grandes ondas estão vindo. O que eu quero é estar preparado pra reconhecer o melhor a se fazer, entender o timing dos acontecimentos na minha vida, e o que fazer para crescer e avançar. Lembrando que nem sempre ondas são ruins, e que reconhecê-las é o mais importante. Não quero ser levado pelo mar. Quero saber pra onde estou indo e onde vou chegar. E que venham as ondas.